sábado, 11 de outubro de 2008

Artigo sobre a inserção da criança na escola

A inserção da criança na escola: tornando este processo o mais natural e tranquilo possível.
(Elisangela G. Macedo)
Discute-se atualmente, na área da educação infantil, sobre como tornar o processo de inserção e adaptação na escola algo mais natural e tranqüilo, tanto para a criança quanto para sua família.
É muito comum ver crianças chorando demasiadamente nos primeiros dias de aula, não querendo “separar-se” da mãe, ou lutando fisicamente para não ser deixada na escola.
Muitos psicólogos e pedagogos afirmam que mesmo essa “separação” sendo importante, como forma de impor limites e favorecer a autonomia, faz-se necessário pensar em estratégias para tornar tal processo menos doloroso para ambos os lados. A inserção de uma criança pequena em uma instituição é um fato delicado, basicamente por três motivos:
* Existe uma dificuldade objetiva na separação entre pais e criança;
* Confiar uma criança à creche não é considerado, ainda um fato “natural”, mas sim uma necessidade;
* Muitas mulheres vivem com sentimento de culpa de terem que deixar seu filho em uma creche.
Muitos estudiosos da área da educação vêm defendendo a idéia de uma inserção gradativa da criança e com mais entrosamento entre a família-escola, para tornar este momento o mais tranqüilo e significativo para todos.
Acreditam ser importante que os pais fiquem por algumas horas nos primeiros dias na escola e, com o tempo, este horário vai sendo reduzido para eles e ampliado para a criança, até que esta consiga sentir-se segura para permanecer o tempo normal e sem a sua presença.
Essa pessoa deve ficar em algum espaço que a escola tenha reservado para isso, enquanto que a criança reúne-se com a professora e os novos amigos. Esta aproximação é importante para que a criança consiga formar vínculos com a professora e os colegas e não deve ter intervenção dos pais.
A criança precisa saber também que seu pai e/ou a sua mãe necessitam trabalhar, mas que voltarão mais tarde para apanhá-la. De uma forma gradual, a criança vai se acostumando com o novo ambiente, com os novos horários e com as diferentes relações de amizade e convivência; além de estar recebendo limites.
Outra questão importante, é que a creche precisa ser sempre fonte de prazer, e neste caso, a maneira mais significativa de atrair a criança e proporcionar tal satisfação é através do lúdico, da brincadeira, da fantasia, e de atividades livres que favoreçam a criatividade e a significação para cada criança.
Através de atividades lúdicas é possível desenvolver várias habilidades cognitivas e socializadoras. Tais atividades devem ser bem diversificadas e que facilite a experimentação. É necessário estimular a participação ativa e a imaginação criadora, pois conforme VYGOTSKY (1991), quando a criança brinca, por exemplo, de “faz de conta”, atinge estágios de desenvolvimento. A ação de brincar segundo ALMEIDA (1994), é algo natural na criança e por não ser uma atividade sistematizada e estruturada, acaba sendo a própria expressão de vida da criança, propiciando ao professor conhecê-la melhor, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem. Ainda segundo Vygotsky em MOREIRA (1999), para se conhecer uma pessoa e seu processo de desenvolvimento deve-se levar em consideração seu contexto histórico, social e cultural.
LUCKESI (1994) também afirma que, através do lúdico e da criatividade a escola torna-se um lugar privilegiado para construir a vida humana, na direção de sua plenitude.
Pensar no ambiente é outra questão relevante. Segundo a educadora FERREIRO (1989), a escola deve oferecer espaços onde a criança se sinta bem e a vontade, para que esta se sinta parte integrante do meio em que está sendo inserida. Atividades livres e de motricidade ampla propiciam este entrosamento.
Se a escola refletir e priorizar tais aspectos e se seus educadores pensarem na mesma direção que GENTILI e ALENCAR (2002), que magistério é missão e construção, então estará no caminho de uma práxis mais humanista, construtivista e significativa. Em conseqüência o processo de inserção e a permanência da criança na escola irão tornar-se mais eficazes e aos poucos será possível que a criança perceba como é gostosa essa nova vida, entendendo o verdadeiro significado da escola e o porquê de freqüentá-la.
É claro que a priori ela não tem consciência desse papel que a instituição assume, mas para a criança tudo tem que parecer pura brincadeira e é isso o mais divertido - desenvolver todos esses aspectos de forma lúdica, alegre e saudável.
BIBLIOGRAFIA:
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1994.
FERREIRO, Emília. Processo de alfabetização. Rio de Janeiro: Polêmicas,1989.
GARCIA, Regina Leite. Revestindo a Pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.
LUCKESI, Cipriano In. Tecnologia Educacional. Rio de janeiro: 1994.
GENTILI, Pablo; ALENCAR, Chico. Educar na esperança em tempos de desencanto. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
MOREIRA, Marco Antônio. Teorias de Aprendizagem. São Paulo, SP: EPU, 1999.
VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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